A economia brasileira em marcha lenta

As incertezas na economia, na política e nas instituições da República cresceram desde o final do ano passado. Poucos meses após o novo governo assumir, conflitos entre diferentes alas governistas, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se sucedem e geram instabilidade no cenário político e econômico. As manifestações de 15 de maio, contra os cortes nas verbas da educação, fizeram subir ainda mais a temperatura e a insegurança.

O governo já deixou claro que deve intensificar os ataques aos direitos dos trabalhadores. Além da nova ofensiva sobre a organização do movimento sindical (com a Medida Provisória 873/2019), apresentou proposta de Reforma da Previdência (PEC 06/19) que retira direitos, dificulta o acesso à aposentadoria, principalmente no caso das mulheres e dos professores, e condena à pobreza os futuros aposentados de baixa renda. Também acabou com a Política de Valorização do Salário Mínimo.

Enquanto isso, a economia brasileira caminha em marcha lenta. A divulgação recente de indicadores macroeconômicos mostra estagnação. O crescimento atual em torno de 1%, na média anualizada, comprova que a economia não tem força para acelerar e abrir postos de trabalho. Com isso, o desemprego e o desalento mantêm-se em níveis elevados.

As perspectivas de curto e longo prazo na economia e no mercado de trabalho são ruins e o cenário internacional também não contribui para a mudança de perspectiva.

A economia brasileira em marcha lenta

Os principais indicadores macroeconômicos mostram que, desde o final de 2017, a economia brasileira anda de lado, sem acelerar de forma consistente ou se retrair. Naquele ano, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,1% e, em 2018, repetiu a dose. Para 2019, até o momento, as expectativas do mercado têm se reduzido. Se em meados de janeiro a expectativa de crescimento era de 2,53%, em abril, já estava em 1,71%. Em maio já caiu duas vezes: primeiro, para 1,45%, e depois para 1,24% (Focus Relatório de Mercado/BCB, disponível em https://www.bcb.gov.br).

Não há indícios de que teremos crescimento muito acima dos registrados nos dois últimos anos. Ao contrário, algumas previsões já sugerem que o PIB pode ficar até mais próximo de 0 do que de 1%.

Isso porque nenhum setor econômico conseguiu engatar recuperação sólida. Ainda que tenham apresentado resultados positivos no início de 2018, em cima de uma base muito baixa de comparação, houve desaceleração na produção industrial e das vendas do comércio. Os níveis desses indicadores estão praticamente estagnados desde então. A formação bruta de capital fixo, uma “proxy” do nível de investimento, encerrou 2018 em um patamar 27% abaixo do auge, verificado em 2013.

Leia Boletim Completo de Conjuntura do Dieese.

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