Dia Internacional da Mulher: Desigualdade gritante!

As mulheres metalúrgicas ocupam um número menor de postos de trabalho, além disso, a perspectiva por igualdade salarial tem um longo percurso: aproximadamente 70 anos!

O Dia Internacional da Mulher é lembrado hoje (08 de Março). É uma data de luta. O movimento feminista deixa claro: “não queremos flores, queremos direitos”. Portanto, no #8M, não cabe “parabéns” e “tapinha nas costas”, pois, quando se olha para a realidade e também para a história, quem disser que a data é “comemorativa”, nega o sangue de quem morreu nas trincheiras lutando por direitos iguais.

Resgatando: foi no dia 8 de março de 1857 que 129 operárias paralisaram suas atividades numa fábrica de tecidos em Nova York, Estados Unidos. O objetivo das trabalhadoras era reivindicar melhores condições de trabalho, redução de carga horária de 14 horas para 10 horas e direito à licença maternidade. Neste dia, a polícia e os donos da fábrica reagiram duramente, trancando-as no local e ateando fogo em seguida. Todas morreram carbonizadas.

Outro “momento histórico das mulheres” aconteceu no dia 8 de março de 1917, em Petrogrado, quando milhares de mulheres deram início a Revolução Russa. Naquele dia, elas foram às ruas para protestar contra as condições de vida no país. A data foi escolhida por ser o Dia Internacional da Mulher no calendário socialista.

E não foram poucas as mulheres pioneiras que, através de suas lutas, conseguiram construir uma sociedade mais justa. No Brasil, pode-se falar de Antonieta de Barros, por exemplo, filha de ex-escrava, que em 1935 tornou-se a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil. Uma das principais bandeiras de seu mandato foi conceder bolsas de estudo para alunos carentes.

Ramo metalúrgico e mulheres hoje

Trazendo para os dias de hoje, o Sindimovec vem ouvindo diversas pessoas que lutam por direitos iguais. Mas o que se vê é um abismo, se tratando de justiça. Em 2017, por exemplo, o Ministério do Trabalho (MTb), via Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), revelou que as mulheres continuam ocupando um número menor de postos de trabalho em comparação aos homens no ramo (18,6%), enquanto homens representaram 81,4%. A remuneração média real recebida pelas mulheres foi de R$2.936, já os homens têm uma remuneração média real de R$ 3.915 (*Tabela 3).

Outro estudo, dessa vez do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), também com base nos dados da RAIS 2016 (Relação Anual de Informações Sociais) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), mostra o Perfil dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica Paranaense.

Nesse caso, os homens representavam 80,7% das vagas de emprego e as mulheres ocupavam apenas 19,3% do total de postos de trabalho no setor metalúrgico no Paraná. De acordo com o Dieese (com informações entre 2006 e 2016), caso as relações de trabalho e os mecanismos de remuneração continuem assim, especificamente na relação entre homens e mulheres na categoria metalúrgica brasileira, a igualdade salarial só aconteceria em 2091!

Campo Largo

Utilizando os mesmo dados de 2017 do Ministério do Trabalho (MTb), via Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), e relatório do Dieese, as três empresas de Campo Largo, que são base do Sindimovec, Caterpillar (CAT), FCA (Fiat) e Metalsa, têm uma profunda dívida com as mulheres metalúrgicas:

Na CAT, em relação a gênero, os homens representavam 86,7% do total de trabalhadores. As mulheres apenas 15,3%. Já na Fiat, os homens representavam 95,9% do total e as mulheres apenas 4,1%. E na Metalsa os homens representavam 93,7% do total e as mulheres apenas 6,3%.

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Por Regis Luís Cardoso.

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