Raio X do Metalúrgico Brasileiro: A evolução do emprego no setor

O Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo está em Campanha Salarial. Nos próximos dias irá publicar o perfil dos metalúrgicos das empresas CAT, Fiat e Metalsa. Mas, para início de conversa, é preciso tratar da questão nacional

O auge do setor metalúrgico no Brasil, em termos de formalização do trabalho, ou seja, postos de trabalho com carteira assinada; se deu até 2013, segundo dados do Ministério do Trabalho (MTb), via Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Já em 2009, o setor foi atingido pela crise internacional, com aproximadamente 60 mil postos de trabalho fechados, para, nos anos seguintes, de 2010 a 2013, retomar a geração de emprego. Porém, em 2014, o fantasma da crise voltou e aproximadamente 589 mil postos de trabalho foram fechados até 2017 (RAIS 2014/2017).

Em 2018 o setor apresentou recuperação, gerando quase 23 mil postos de trabalho, crescimento de +1,2% no estoque de empregos em relação a 2017, o impacto da crise mundial e do capitalismo, iniciada em 2008, foi profundo e prolongado. Foram dez anos (2003-2013) de crescimento industrial e milhões de empregos criados no ramo metalúrgico para, em apenas quatro anos (2014-2017), mais da metade desses postos de trabalho desapareceram (Gráfico 1).

Raio X dos metalúrgicos no Brasil (2015/2017)

O setor esteve presente neste período em mais de 1.700 municípios brasileiros, segundo informações da RAIS. A distribuição dos metalúrgicos no país mantém a concentração estrutural da atividade na região Sudeste, com 60,7% do total de vínculos em 2017, seguida da região Sul, com 25,8%. Durante o período analisado (2015-2017) houve uma redução de -0,8% na participação no Sudeste e um aumento de +0,5% na região Sul.

Na análise por estado, quatro estados respondiam por mais de 70% dos vínculos do ramo metalúrgico. O estado de São Paulo concentrou 41,9% dos postos de trabalho, seguido por Minas Gerais, com 11,4%, Rio Grande do Sul, com 9,9% e Santa Catarina, com 8,3%.

Os municípios com as maiores bases de trabalhadores metalúrgicos foram São Paulo (117.895), Manaus (59.365), São Bernardo do Campo (46.710), Joinville (39.382) e Caxias do Sul (36.584) – (dados da RAIS 2017).

Segmento

A análise por segmento indica que a maioria dos empregos eliminados (em números absolutos) foi na Siderurgia e Metalurgia Básica, indústria de base que mais emprega no ramo e que mais fechou postos de trabalhos desde 2012, o que reflete é que a crise instalada no Brasil atingiu mais esse segmento em comparação aos demais.

O emprego na Siderurgia recuou -1,7% em 2017 em relação a 2016 e -9,9% em relação a 2015. Porém, em termos relativos, o segmento Naval foi o que mais eliminou postos de trabalho entre 2015 e 2017, com redução de -40,0% do mercado de trabalho no período.

Remuneração

A remuneração média real do metalúrgico foi de R$ 3.733 em 2017, inferior em -0,5% em relação à remuneração média real de 2015 (R$ 3.752). Os segmentos Naval, Aeroespacial e Defesa e Eletroeletrônico registraram redução na remuneração média, sendo a maior variação negativa no segmento Naval, com -6,6%, seguido do Aeroespacial e Defesa, com -5,5%. Os demais segmentos tiveram aumento na remuneração média, entre 2015 e 2017 (Tabela 1).

Desigualdade racial e de gênero

A inserção dos trabalhadores metalúrgicos negros no mercado de trabalho foi de 29,3% em 2017, cuja remuneração média foi inferior em -27,7% em relação a um não negro. Essa diferença de remuneração entre negros e não negros era de -29,9% em 2015. No período analisado, houve incremento de poder de compra para os negros, com aumento de +2,7% em 2017, em comparação com 2015 (Tabela 2).

As mulheres continuam ocupando um número menor de postos de trabalho que os homens no ramo, com participação de 18,6%, enquanto os homens representaram 81,4% em 2017. A remuneração média real recebida pelas mulheres foi de R$

2.936 ficou estável no período analisado e foi inferior em -25,0% em relação à dos homens, cuja remuneração média real foi de R$ 3.915 em 2017 (Tabela 3).

O quadro comparativo a seguir resume algumas outras características do perfil da base metalúrgica:

– Por tamanho da empresa: 33,3% dos trabalhadores do ramo estavam em empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas (grande porte), enquanto 25,4% trabalhavam em empresas com 100 a 499 pessoas ocupadas (médio porte) e 41,2% dos trabalhadores estavam em micro e pequenas empresas, ou até 99 pessoas ocupadas.

– A jornada predominante de trabalho foi de 43 horas semanais, sendo que 33,5% trabalhavam até 40 horas e 66,5% trabalhavam entre 41h e 44 horas semanais. Os jovens possuem participação expressiva na categoria, sendo que 30% tinham até 29 anos e 35,4% possuíam entre 30 e 39 anos. A categoria possui maioria de trabalhadores com ensino médio completo: 57,3%.

Por Regis Luís Cardoso – com informações via RAIS (MTb) e CNMCUT.

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