Impasse na contratação de médicos e atraso no pagamento de salários pode comprometer atendimento do Hospital Infantil

Sindicato, políticos e funcionários do Hospital Infantil de Campo Largo denunciam a situação. Governo do Estado disse, por meio de nota, que os pagamentos dos profissionais estão em dia e não há risco de interrupção de atendimento

O atraso no pagamento de salários dos médicos que atuam no Hospital Infantil Waldemar Monastier de Campo Largo está colocando em xeque a capacidade de atendimento da unidade, que atende crianças de todo o Paraná. Ontem, dia 03, o Metropolitano Agora recebeu a informação de dentro do hospital de que a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI) parou de funcionar e que apenas 50% da UTI-Neo permanece prestando atendimento aos pacientes. Também há relatos de redução na capacidade de atendimento das unidades de enfermaria cirúrgica e de enfermaria clínica.

Segundo informações do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar), o impasse com relação ao pagamento da remuneração do corpo médico do hospital teve início no começo do ano, quando a administração do Hospital Infantil passou a ser feita pela Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas) – antes responsabilidade do Hospital Pequeno Príncipe. De acordo com o sindicato, os atrasos salariais são frequentes e o período de maior demora no repasse dos salários ocorreu entre meados de janeiro e maio deste ano. O sindicato informou ainda que há diversas irregularidades na contratação dos médicos que prestam seus serviços para o hospital, que é responsabilidade do Governo do Estado. Os médicos estariam trabalhando sem qualquer tipo de contrato.

Diante da situação, médicos do hospital chegaram a enviar uma carta ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná (CRM-PR), relatando a situação. O documento foi encaminhado pelo CRM ao sindicato, que hoje está em negociação com a Funeas. O Simepar diz ainda que a Funeas tinha até a sexta-feira, dia 31 de agosto, para dar resposta às indagações do sindicato da categoria, no que tange, principalmente, à forma de contratação dos médicos. Com os atrasos e as contratações irregulares, alguns médicos chegaram a solicitar o desligamento do hospital, o que hoje compromete a capacidade de atendimento da unidade, considerada referência em todo o Paraná.

Impasse está afetando atendimento nas UTIs do hospital, segundo relatam funcionários da própria unidade
Impasse está afetando atendimento nas UTIs do hospital, segundo relatam funcionários da própria unidade

O assunto é destaque no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e as denúncias sobre a situação do hospital foram feitas por dois deputados. No dia 28 de agosto, na semana passada, um deputado solicitou informações ao Governo do Paraná acerca do atraso no pagamento dos convênios firmados entre o Estado e os médicos. No requerimento, o deputado ainda questiona quando os pagamentos serão regularizados e se a licitação dos serviços médicos especializados já foi realizada e ainda se o contrato está vigente. A informação levantada na Alep é que o hospital está operando com apenas 1/3 de sua capacidade desde que a Funeas assumiu o gerenciamento do hospital. Já outro deputado lembrou, conforme vídeo da TV Assembleia que circula nas redes sociais, os investimentos feitos pelo Governo do Estado na construção do hospital em outras gestões.  “Esse hospital sofre hoje com o caos da saúde pública do Paraná”, disse o deputado.

Já a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná disse, por meio de nota, que “os pagamentos dos profissionais estão em dia e não há risco de interrupção de atendimento”. De acordo com a secretaria, o hospital é gerenciado desde fevereiro de 2018 pela Funeas, sob a gestão da SESA-PR. “Atualmente, 543 profissionais atual no Hospital Infantil, entre os quais 140 médicos e 43 enfermeiros, além de técnicos de enfermagem, pessoal administrativo, entre outras funções”, diz a nota. Ainda segundo o órgão, o hospital atua com 74 leitos e faz uma média de 325 internações e 166 cirurgias ao mês, atendendo pacientes de todo o Paraná, encaminhados para a unidade por meio da Central de Regulação do Governo do Estado. “Não há, por parte da Secretaria de Estado da Saúde, nenhuma ordem de fechamento de leitos”, finaliza a nota.

Leia matéria na íntegra no site do Jornal Metropolitano.

Fonte: MetropolitanoAgora.

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