AUTORITARISMO IMPERA NA FIAT EM CAMPO LARGO: PLR DA EMPRESA PODE ACABAR NA JUSTIÇA E COM MULTA À EMPRESA

Charge-CF

A FCA, fábrica de motores da FIAT em Campo Largo, pratica mais um ato antidemocrático e antissindical.

As negociações deste ano corriam dentro de certa normalidade, pois a FIAT estava sob efeito de uma liminar obtida na Justiça pelo Sindicato que dizia que, caso a empresa tornasse a rejeitar a entrada dos dirigentes sindicais na empresa para conversar com a categoria, ou se negociasse condições de trabalho diretamente com os trabalhadores, sem a intermediação legal obrigatória do sindicato, seria multada em R$ 200.000,00 por ato praticado.

Porém, após a reprovação da proposta da empresa pelos seus colaboradores, em assembleia realizada pelo Sindicato em 12 de maio de 2016, a empresa foi logo tratando de fazer com que a sua única e exclusiva vontade prevalecesse, formando, para isso, uma Comissão de Trabalhadores para realizar acordo de pagamento de PLR (Plano de Participação nos Resultados), e sem a participação da entidade sindical.

A atitude da FIAT é, claramente, uma forma de retaliação contra a atuação combativa do Sindicato, já que houve mais de 10 reuniões de negociação entre as partes, sobre o PLR, com várias propostas feitas pela entidade e sempre rejeitadas pela empresa, mesmo com propostas de valores muito próximos ao valor ofertado pela multinacional, o que fez com que ela procurasse uma outra via, mesmo que ilegal, para fazer valer a sua vontade.

Após a última assembleia, o SINDIMOVEC aguardou posicionamento por 30 dias, sem qualquer manifestação por parte da empresa, o que fez com que tivesse de levar a discussão à mediação do Ministério do Trabalho, sugerindo, inclusive, que se mantivesse a fórmula de pagamento de PLR existente no ano passado, algo razoável e factível, possibilitando aos trabalhadores a chance de, ao menos, buscar um pagamento igual ao de 2015.

Em resposta, e se mostrando “magoada” com o resultado da assembleia dos trabalhadores, a empresa deixou claro que não havia mais qualquer proposta a ser oferecida, já que sua proposta havia sido rejeitada, ressaltando que a ausência de proposta por parte dela seria em razão desta rejeição.

Mantendo sua tradição negocial, no dia seguinte à reunião em que disse que não havia qualquer proposta, a FIAT, unilateral e autoritariamente, instituiu a “Comissão de Trabalhadores” para negociar o pagamento de PLR, que já era objeto de negociação com o Sindicato, forçando à Comissão aceitar a mesma proposta já rejeitada pelos trabalhadores em Assembleia, que contemplava um valor de R$ 4,500,00, bem abaixo dos R$ 6.928,00 do ano passado.

Nessa comissão, a proposta absurda da empresa (aproximadamente 30% inferior ao ano passado) foi aceita por CINCO TRABALHADORES ESCOLHIDOS PELA PRÓPRIA FIAT para fazer parte dela. Isso porque, para este tipo de negociação, substituindo o sindicato pela Comissão de Fábrica, a empresa se livra da exigência de realização de Assembleia para apresentação e votação dos trabalhadores sobre a proposta, facilitando a aprovação da vontade dela a respeito.

O pior é que empresa ofereceu um valor bem menor de participação aos seus funcionários, mesmo sem uma redução considerável na quantidade de motores produzidos este ano na planta de Campo Largo! A empresa mantém o seu número de empregados e chega a exigir produção aos sábados e horas extras, graças ao ótimo desempenho de vendas do Jeep Renegade e da picape Fiat Toro, que utilizam os motores produzidos na cidade.

Mas isso não é tudo! Além da forma utilizada pela multinacional para criação e aprovação de valores de PLR conforme o seu interesse, a redação do Acordo assinado pela Comissão retira o direito de recebimento de PLR às vítimas de acidente de trabalho, situação que é piorada ante o fato de que a empresa não envia, desde o ano passado, qualquer informação sobre existência de Acidente de Trabalho ao Sindicato (obrigação contida no atual Acordo Coletivo de Trabalho), mesmo com a ocorrência de vários acidentes, informação de ciência da entidade e do Ministério Público do Trabalho. Pelo contrário, há denúncias de que profissionais da empresa “gritam com os trabalhadores” que procuram noticiar um acidente.

Este não é o primeiro ano em que a FPT tenta, a todo custo, fazer com que os trabalhadores aceitem a vontade empresarial. No ano passado, a empresa “cozinhou” as negociações até dezembro, nove meses após a data-base.

Na época, em forma de protesto, o SINDIMOVEC chegou a criar o “NEGOCIÔMETRO”, fixando-o em frente à fábrica, mostrando, em dias, o tamanho da falta de respeito da empresa a seus trabalhadores, sem contar as duas Audiências Públicas realizadas com o objetivo de levar à público a situação, informando-a aos campo-larguenses e aos governos municipal, estadual e federal sobre o que estava acontecendo.

O SINDIMOVEC não medirá esforços para obter PLR mais vantajoso para os trabalhadores, nem que, para isso, tenha que tomar medidas com relação à empresa e à Comissão de Trabalhadores para reverter a situação. Apesar de a Fiat insistir que a culpa da demora na negociação é do Sindicato, os companheiros têm de saber que tudo que se faz é para melhorar os salários, a PLR e as condições gerais de trabalho de todos os funcionários da FPT. Nunca nos dobraremos ante o poder econômico e o autoritarismo do Grupo FCA: ajudemo-nos todos e espalhemos a verdade!

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