Dia Mundial do Rock e a trilha sonora da classe trabalhadora

Constructivist Art

Hoje (13) se comemora o Dia Mundial do Rock. Muita lenda circunda esse gênero musical, mas dizem por aí que nasceu nos Estados Unidos no início da década de 1950, como herdeiro do blues. Pode-se dizer que os grandes propagadores iniciais do gênero foram Sister Rosetta Tharpe, Chuck Berry, Carl Perkins, Little Richard, Elvis Presley, Bo Didley, Fats Domino, Bill Halley e Buddy Holly.

Mas o legal disso tudo é que, já no início, o rock revolucionava. Na década de 50, por exemplo, foi responsável por unir negros e brancos através da música. Depois, atravessou o oceano e provocou uma verdadeira convulsão na Inglaterra. Foi assim que na primeira metade dos anos 1960 conquistou o mundo com a chamada Invasão Britânica.

Foi então que descobrimos bandas como Beatles, Rolling Stones, The Kinks, Cream, The Animals e The Who, essa que tinha mais identificação com a classe trabalhadora, já que seu vocalista, Roger Daltrey, antes do sucesso, era metalúrgico.

Segue uma lista de nomes da música (nacional e internacional) para curtir e se politizar:

– Garotos Podres

Banda de punk rock paulista nascida no ABC nos anos 80. Sempre se posicionaram ao lado dos trabalhadores, inclusive denunciando a morte dos grevistas na Companhia Siderúrgica Nacional.

Aos Fuzilados da C.S.N 

– Inocentes

 Formada no início dos anos 80, o Inocentes é uma das bandas mais importantes do punk nacional. Conseguiu retratar como poucos os conflitos da juventude trabalhadora.

Rotina

 

– Dropkick Murphys

Banda norte americana dos anos 90 com influência de música tradicional irlandesa. Diversas músicas tem como tema o trabalhador e aos imigrantes irlandeses nos EUA:

“We’re the first ones to starve, we’re the first ones to die/The first ones in line for that pie-in-the-sky/And we’re always the last when the cream is shared out/For the worker is working when the fat cat’s about“.

“Somos os primeiros a passar fome, os primeiros a morrer / Os primeiros da fila na do céu prometido / E somos sempre os últimos quando o bolo é repartido, porque o trabalhador está labutando enquanto os gatunos circulam”

Workers Song

– Bob Dylan

A voz do folk politizado. Em 2006 descreveu o destino de um trabalhador:

“The buyin’ power of the proletariat’s gone down/Money’s gettin’ shallow and weak (…) Well, they burned my barn, and they stole my horse/I can’t save a dime/I got to be careful, I don’t want to be forced/Into a life of continual crime”.

“O poder de compra do proletariado está caindo/O dinheiro está ficando raso e fraco (…) Bem, eles queimaram meu celeiro e roubaram meu cavalo/Eu não consigo guardar um tostão/Tenho que tomar cuidado, não quero ser forçado/A uma vida de crime”

Workingman Blues

– Dead Fish

 Banda de hardcore capixaba. Uma carreira consolidada na cena independente do rock brasileiro há mais de 20 anos e sempre mantendo uma posição política de esquerda, como fica claro aqui:

“Assinar o ponto,/Seu transporte esta lotado!/Não há companheiros,/Ninguém está ao seu lado!/Só a fome a miséria,/O circo e o pão./Você acha arriscado fazer a revolução, então/Deve aceitar o seu patrão./Seria demais dividir as coisas que você já tem,/ cerveja, um par de tênis e um caos”.

Cidadão Padrão

– Rage Against the Machine

Nos anos 90 foi uma das vozes mais altas do rock de protesto. Misturou como poucos rap e rock, com uma sonoridade totalmente peculiar (com influências que vão desde tradições latinas a música negra). O Rage mostra a realidade dos trabalhadores seja nos guetos de Los Angeles ou nas periferias de Paris e Rio de Janeiro:

“Now something must be done/About vengeance, a badge and a gun/(…)/I was born to rage against ‘em/Now action must be taken/We don’t need the key/We’ll break in/(…)/Yes I know my enemies/They’re the teachers who taught me to fight me/Compromise/conformity/assimilation/submission/ignorance/hypocrisy/brutality/the elite/All of which are American dreams”.

“Agora algo tem que ser feito/Sobre vingança, um distintivo e uma arma/(…)/Eu nasci para raiva contra eles/Agora uma atitude tem que ser tomada/Nós não precisamos da chave/A gente quebra (a porta)/(…)/Sim, eu conheço meus inimigos/São os professores que me ensinam a lutar contra mim/conceder/conformar/assimilação/submissão/ignorância/hipocrisia/brutalidade/a elite/Cada um dos Sonhos Americanos”

Know Your Enemy

 – The Nightwatchman

The Nightwatchman (O Vigilante Noturno) é o projeto solo do guitarrista do Rage Against the Machine, Tom Morello, que é um militante político da Workers of the World (Trabalhadores do Mundo) e do Sindicato dos Músicos de Los Angeles. Ele sempre se preocupou com a luta dos trabalhadores. Essa canção é contra o ataque estatal ao direito de organização sindical e a benefícios como aposentadoria e planos de saúde.

“Today the policeman’s a union man/Brother firefighter’s my friend/And the kids locked in the Capitol/Are fighting ‘til the end/And we’re not gonna break tonight/And we’re not gonna bend/Some say the union’s down/But I asked around/And everybody said/This is a union town, a union town/All down the line/(…)/And if they come to strip our rights away/We’ll give ‘em hell every time”.

“Hoje o policial é um homem sindicalizado/Irmão bombeiro meu amigo/E a garotada ocupando o Capitólio/Vai lutar até o fim/E nós não vamos desistir estar noite/Nós não vamos ceder/Alguns dizem que os sindicatos estão desaparecendo/Mas eu pergunto por aí/e todo mundo diz/Isso é uma cidade sindicalizada, uma cidade sindicalizada/Todos às ruas/(…)/E se eles vierem para tirar nossos direitos/Vamos transformar isso num inferno todas as vezes”.

Union Town

– Devotos

Devotos é uma banda dos anos 90 oriunda do Alto Zé do Pinho, uma comunidade pobre, em um morro da zona norte do Recife. Inicialmente tocavam com instrumentos baratos e até mesmo de fabricação caseira.

Vida de Ferreiro

– Flicts

Banda antifascista de punk rock. Nasceu em São Paulo e sua música independente é escutada e respeitada em todo o Brasil.

Greve Geral

– John Lennon

Nasceu numa cidade inglesa marcada pela tradição operária, ele dedicou boa parte dos esforços da sua carreira solo na militância, fosse contra a Guerra do Vietnã ou pelos direitos dos trabalhadores.

“When they’ve tortured and scared you for twenty odd years/Then they expect you to pick a career/When you can’t really function you’re so full of fear/(…)/Keep you doped with religion and sex and TV/And you think you’re so clever and classless and free/But you’re still fucking peasants as far as I can see/A working class hero is something to be”.

“Eles te torturam e assustam por vinte anos estranhos/Então esperam que você escolha uma carreira/Quando você não consegue funcionar, está tão cheio de medo/(…)/Mantêm você dopado com religião, sexo e TV/E você pensa que é muito esperto e livre das classes/Mas você continua um plebeu até onde posso ver/O herói da classe trabalhadora para ser”.

Working Class Hero

*A escolha das canções foi aleatória. É sabido que existem diversas outras canções que também representam a classe trabalhadora, os militantes políticos, os movimentos sociais e sindicais. O objetivo da publicação foi lembrar que, neste Dia Internacional do Rock, o gênero mais famoso da indústria cultural também serve ou serviu de voz aos oprimidos, minorias e todos os trabalhadores.

Por Regis Luís Cardoso (com informações via: Capitalismo em Desencanto).

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