Dias de Luta Empresa tenta calar a voz do trabalhador

Dois dias de protestos em frente à Fiat Motores Campo Largo. Integrantes do Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo) mobilizaram-se nos dias 15 e 16 de março, contra o desinteresse da empresa em abrir as negociações da campanha salarial dos trabalhadores em 2015. No primeiro dia, as atividades restringiram-se à panfletagem. Já no segundo, representantes do sindicato endureceram o movimento e bloquearam a entrada de carros e ônibus que levavam funcionários. Isso, para conseguir levar até os trabalhadores, as reais dificuldades de diálogo com a empresa e também, colocá-los a par das práticas antissindicais adotadas nesse período de negociação salarial. Como tentativa de coagir os funcionários na busca por melhorias das condições de trabalho, somente nessa semana, a Fiat demitiu quatro trabalhadores – todos, pais de família. “Nós vamos continuar cobrando da empresa, postura de respeito aos trabalhadores e, reforçamos que essa política manipuladora e persecutória não nos intimida. Também pedimos aos trabalhadores que não se deixem coagir e se unam a nós, na luta que abraçamos em nome deles”, disse o presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso. Desde o dia 06 de março, os trabalhadores aguardam um posicionamento da empresa quanto ao rol de reivindicações, entregue nessa data. “De lá para cá, foi só enrolação. Nada, nenhuma proposta foi apresentada aos trabalhadores”. O Sindimovec ainda tem outra preocupação. A alta rotatividade de funcionários da Fiat em época de negociação coletiva. “Todos os anos, na época da data base, constatamos um aumento nas demissões. Isso reforça ainda mais, a importância da existência de uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho contra a Fiat no Paraná a respeito do tema”, afirma Carlesso.

INTERDITO PROIBITÓRIO

A resposta da empresa às ações do sindicato, já surgiram logo em seguida. A juíza do Trabalho, Morgana de Almeida Richa, concedeu liminar favorável à Fiat Motores Campo Largo, em ação de interdito proibitório ajuizada pela empresa contra o Sindimovec (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Montadoras de Veículos, Chassis e Motores de Campo Largo). Em poucas palavras, a determinação visa manter o sindicato afastado das imediações da empresa e dessa forma, impedir manifestações em plena campanha salarial dos trabalhadores. Em termos legais, o interdito proibitório é uma ação que busca evitar ameaças às posses de alguém ou de uma empresa. “Isso é um absurdo, mesmo sabendo que o interdito proibitório é uma ferramenta utilizada por muitas empresas contra os sindicatos. A única intenção do sindicato com as ações dessa semana é mostrar aos trabalhadores o que vem acontecendo nas negociações: a empresa não quer o diálogo com o sindicato. Porém, como a empresa tem uma política voltada a manter os trabalhadores longe do sindicato, os atos restaram como última alternativa”, disse o presidente do Sindimovec, Adriano Carlesso. Na decisão, a juíza sustenta que o sindicato “abstenha-se de praticar atos que promovam a turbação ou esbulho e impliquem no direito da requerente, ou ainda, que dificultem a livre circulação e o direito de ir e vir”. No despacho, a juíza ainda fixa multa diária de R$ 5 mil, em caso de descumprimento da determinação. A diretoria do Sindimovec entende que a empresa tenta judicializar a negociação salarial ao invés de sentar com os representantes dos trabalhadores para negociar de fato. “A Fiat têm tentado se esconder atrás desse interdito proibitório, mas nós vamos continuar na luta pelos trabalhadores e mostrar que essa prática é vergonhosa”.O Departamento Jurídico do Sindicato considera que o movimento do sindicato está plenamente dentro da legalidade e está recorrendo da decisão. (Assessoria Sindimovec)

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