#8M – Dia Internacional das Mulheres

O Sindimovec acredita que a luta pela questão de gênero precisa ser abordada pela classe trabalhadora de forma permanente

A desigualdade é gritante e o contexto, com um Governo Federal misógino e que não respeita as questões de gênero, exige a valorização das mulheres que lutam. Lembre-se: o Dia Internacional da Mulher carrega consigo muito sangue derramado nas trincheiras de quem defende igualdade de direitos.

O Dia Internacional da Mulher é uma data oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 70. No entanto, o dia oito de março já era utilizado para lembrar das lutas pelos direitos das mulheres desde o início do século XX.

Vários eventos influenciaram a criação da data, entre eles: o incêndio em uma fábrica de tecidos em 25 de março de 1911, em Nova York, quando 121 operárias foram mortas. Esta tragédia expos as terríveis condições de trabalho a que as mulheres eram submetidas.

Outro momento histórico aconteceu em 8 de março de 1917, na Rússia, quando ocorreu a marcha das mulheres por pão e paz, dando início a Revolução Russa. Naquele dia, elas foram às ruas para protestar contra as condições de vida no país.

Mulheres de Luta

E não foram poucas as mulheres pioneiras que, através de suas lutas, conseguiram construir uma sociedade mais justa.

No Brasil, pode-se falar de Antonieta de Barros, por exemplo, filha de ex-escrava, que em 1935 tornou-se a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil. Uma das principais bandeiras de seu mandato foi conceder bolsas de estudo para alunos carentes.

Em 1999, na República Dominicana, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, combateram o regime ditatorial de Rafael Leônidas Trujillo.

Infelizmente “Las Mariposas” foram assassinadas pelo governo do ditador e seus corpos

encontrados em um precipício com sinais de estrangulamento e tortura.

É desse legado que se lembra o “Dia Internacional para Eliminação da Violência Contra as Mulheres” – em 25 de novembro de 1999, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Legado

Tanto o #8M como o 25 de novembro deixam outro recado: a luta por direitos iguais é permanente. O legado desses momentos trágicos da história é de luta contínua por direitos.

No Brasil, o caso mais emblemático é o que resultou na Lei Maria da Penha. Em 1983, Maria da Penha sofreu duas tentativas de assassinato pelo seu cônjuge e ficou paraplégica em consequência de um tiro nas costas enquanto dormia. Ela só conseguiu justiça após 15 anos de luta.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2019, 76,4% das mulheres

agredidas indicaram que o agressor era um conhecido, sendo 39% parceiros e ex-parceiros,

14,6% parentes, 21,1% vizinhos e 3% colegas de trabalho da vítima.

A maioria dessas mulheres continua sendo vítima de violência dentro de casa (42%) e apenas 10% relatam ter buscado uma Delegacia da Mulher após o episódio mais grave.

Ainda segundo pesquisa do Fórum, em 2019, 31,6% das mulheres com ensino superior

identificaram com mais facilidade outras formas de violência, como a psicológica, moral ou o

assédio sexual, com predominância de ofensas verbais (23,3%) e ofensa sexual (12,8%).

Conheça algumas mulheres de luta:

.: Virginia Woolf – “quem não fala a verdade sobre si mesmo não pode falar sobre os outros”.

Nascida em 25 de janeiro de 1882 em Londres, Reino Unido. Ela é só um dos grandes nomes da

literatura modernista e revolucionou o mundo literário do século XX ao escrever sobre a

mulher na sociedade.

.: Nina Simone – “coisa de mulher é fazer música virar protesto pelos direitos civis”.

Eunice Kathleen Waymon, conhecida como Nina Simone, foi uma pianista, cantora,

compositora e ativista pelos direitos civis dos negros. Nasceu em 21 de fevereiro de 1933, em

Tryon, Carolina do Norte, EUA.

.: Simone de Beauvoir – “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.

Chamada de “papisa do feminismo”, sua obra “O Segundo Sexo” é referência no debate sobre

gênero. O livro criou as bases do feminismo e mapeou as formas de opressão masculina.

.: Bertha Lutz – “recusar à mulher a igualdade de direitos em virtude do sexo é denegar justiça a metade da população”.

O direito ao voto feminino no Brasil foi conquistado em 1932 e Bertha teve influência direta

nesse processo. Bióloga e educadora brasileira, nasceu em São Paulo (1894). Ela também

participou da elaboração da Constituição, em 1934, que garantiu às mulheres a igualdade de

direitos políticos.

.: Leila Diniz – “viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer, participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz. Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente”.

Atriz considerada símbolo da revolução feminina no Brasil. Depois de declarações que

chocaram a sociedade conservadora na época da ditadura brasileira, instaurou-se o Decreto

Leila Diniz, uma censura prévia à imprensa. Ela também quebrou tabu ao aparecer de biquíni e

grávida na praia.

.: Pagu – Patrícia Rehder Galvão – “lembro minha submissão absoluta. Não ao homem. Ao amor”.

Nascida em 9 de junho de 1910, na cidade de São João da Boa Vista, São Paulo, Patrícia Rehder

Galvão foi escritora, poeta, tradutora, jornalista e fez parte do movimento modernista. Sua

obra tratava da defesa da mulher pobre e criticava o papel conservador feminino.

.: Rose Marie Muraro – “mistura um pouco de loucura à sua sabedoria”.

Uma das mais importantes vozes do feminismo brasileiro, Marie foi uma intelectual que lutou

durante a vida toda por igualdade de direitos para as mulheres, tanto é que foi reconhecida

pelo Governo Federal como Patrona do Feminismo Brasileiro em 2005, aos 75 anos.

.: Frida Khalo – “eu não sei qual é o motivo dessa supervalorização da racionalidade. Os pássaros só são livres porque podem voar. A liberdade é, justamente, a incapacidade de se perceber as limitações”.

Frida Kahlo foi uma pintora mexicana inspirada na natureza e nos artefatos do México. Através

da cultura popular do país, ela empregou um estilo de arte que explorou questões de

identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça.

.: Maria Lacerda de Moura – “não será com algumas mulheres no poder que esqueceremos as milhares escravizadas na cozinha, no tanque e na cama”.

Professora, escritora, anarquista e feminista brasileira, foi precursora de discussões sobre o

corpo e a sexualidade da mulher nas primeiras décadas do século 20. Enfrentou os problemas

sociais através de campanhas nacionais de alfabetização e reformas educacionais.

.: Nísia Floresta – “a esperança de que, nas gerações futuras do Brasil, ela (a mulher) assumirá a posição que lhe compete nos pode somente consolar de sua sorte presente”.

Nascida no Rio Grande do Norte, em 12 de outubro de 1810, foi a primeira educadora

feminista do Brasil e a primeira mulher a publicar textos em jornais. Escreveu livros em defesa

dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.

.: Marie Curie – “seja menos curioso sobre as pessoas e mais curioso sobre as ideias”.

A primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel

em áreas diferentes (Química e Física). Nascida em 7 de novembro de 1867, foi impedida de

seguir para o ensino superior por ser mulher. Buscou uma instituição de ensino clandestina

que aceitava mulheres para se tornar uma das mais importantes cientistas do mundo.

.: Joana d´ Arc – “renunciar ao que se é e viver sem acreditar em nada é mais terrível do que morrer – mais terrível até do que morrer jovem”.

A guerreira que aos 17 anos convenceu um pequeno grupo de soldados a segui-la para a

Guerra dos 100 anos (1337-1453) e salvar a França dos ingleses.

*Que os ensinamentos de Dandara, Marielle, Olga Benário, Bertha Lutz, Clara Zetkin, das tecelãs carbonizadas de Nova York e de tantas outras mulheres que lutaram por igualdade iluminem mentes e corações não apenas no 8 de março, mas em todos os dias.

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