Eleições 2018: Em quem votar?

Nesse editorial, o Sindimovec busca construir, através de alguns recortes de fatos ocorridos nos últimos dias, uma narrativa que propõe reflexão e sensatez na hora de escolher seu representante político

Trabalhador, em momentos históricos como os que vivemos hoje nada é mais importante do que seguir em frente carregando o sentimento de justiça e solidariedade. Estamos em meio ao processo eleitoral para cargos de presidente da república, governador, senador, deputado federal e estadual; temos as alternativas na mesa e precisamos escolher representantes que lutam por nós no executivo e legislativo.

As eleições de 2018 marcam também uma fase diferente dentro dos processos eleitorais no Brasil. Este ano a sociedade se vê diante de múltiplas alternativas de poder, mas, sem esperança, enxerga nas eleições mais um show promovido pelos mesmos atores.

Essa é uma das razões para que 96% dos brasileiros não se sintam representados pelos políticos em exercício no Brasil. Esse dado é da pesquisa do Instituto Locomotiva/Ideia Big Data, realizada no início deste ano. De acordo com o levantamento, 95% dos entrevistados afirmam que os atuais políticos não são transparentes, e 89% acreditam que os políticos não se preparam para desempenhar bem seu mandato.

Outros números: 94% afirmam que os políticos estão mais preocupados em se manter no poder do que governar, e 89% acreditam que os políticos não pensam na população para tomar decisões.

Analisando o cenário, há uma descrença generalizada em relação aos políticos. E a reflexão que se sucede é a seguinte: em momentos como esse, de perda da credibilidade e de desesperança política, quem ressurge?

Para Umberto Eco, filósofo, escritor e linguista italiano, nesses momentos há sempre uma tendência disposta a surgir, que ele chama de “Ur-Fascismo” ou “Fascismo Eterno”. Essa tendência ressurge quando o momento histórico propicia.

O pensador definiu essa expressão abertamente em 1995, na Universidade de Columbia, quando descreveu o “fascismo eterno” como uma “ideologia e vontade de governar que, independentemente das circunstâncias históricas, parece sempre estar ali, à espreita, esperando um mínimo descuido para se apoderar de um governo nacional, uma sociedade, um país”.

De acordo com Eco, há características que se assemelham, nos regimes totalitários, com o objetivo de seduzir a população e tomar o poder político.

A sugestão do Sindimovec é que o trabalhador fique atento e se informe sobre as propostas dos candidatos. É importante saber que existem características identificáveis de “fascismo eterno” descritas pelo próprio Umberto Eco. São elas:

::Culto excessivo da tradição (contra evolução natural e modernidade);

::Rechaço do pensamento crítico (o espírito crítico opera distinções e distinguir é sinal de modernidade. Para o Ur-Fascismo, estar em desacordo é traição);

::Medo ao diferente (o primeiro chamamento de um movimento fascista, ou prematuramente fascista, é contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, pois, racista por definição);

::Apelo às classes médias frustradas (fascismo encontra seu público nesta nova maioria);

::Princípio de guerra permanente (antipacifismo);

::Elitismo (desprezo pelos fracos);

::Heroísmo (culto à morte).

::Transferência da vontade de poder a questões sexuais (machismo, ódio ao sexo não-conformista, como a homossexualidade);

::Populismo qualitativo (toda vez que um político lança dúvidas sobre a legitimidade do parlamento porque já não representa a voz do povo, podemos perceber o cheiro do Ur-Fascismo);

::Novilíngua (todos os textos escolares nazis ou fascistas se baseavam em um léxico pobre e em uma sintaxe elementar, com a finalidade de limitar os instrumentos para o raciocínio complexo e crítico. Um exemplo atual de novilíngua pode ser encontrado em um popular reality show).

Você pode estar pensando que esse tipo de coisa está distante, mas a realidade nos mostrou, recentemente, que estamos enganados. Não é novidade que os proprietários das mega empresas Condor e Havan andaram coagindo trabalhadores a votar em um determinado candidato.

Preste atenção nas entrelinhas: como descreveu Umberto Eco – “Apelo às classes médias frustradas (fascismo encontra seu público nesta nova maioria)”.

Se for analisar a prática de ambos os empresários, eles promoveram o “fascismo eterno”. Veja neste LINK o “show” do empresário da Havan. Já o dono da rede Condor enviou uma carta aos funcionários, em que apela, através de uma redação “tradicionalista”, para termos como: preservação da família, país sem corrupção, etc… Leia CARTA AQUI). O MP já notificou os dois empresários.

Trabalhadores: NOSSO VOTO IMPORTA!

 Como já falamos 96% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos. Além disso, apenas 6% aprovam o governo Temer (que tem o pior índice de satisfação da história da política nacional).

Então fica o questionamento: o que podemos fazer para construir um Brasil mais coletivo, representativo, justo e inovador para todos nós?

Para o Sindimovec, podemos começar acreditando que uma sociedade justa não deve se distanciar do que é coletivo e público. Também os cidadãos precisam ser participativos e exigir das administrações públicas o fortalecimento de entidades educadoras. Sem esquecer que é no voto que delegamos representantes para atuar de acordo com nossos interesses e não com interesses pessoais.

NÃO ESQUEÇA: o voto atende as necessidades de uma nação (no Brasil, um país diverso, multicultural, de pluralidade étnica, com variadas expressões de sexualidade e ainda separado por classes sociais).

Precisamos ter a capacidade, no momento das eleições, de analisar as opções de voto “como elas de fato são, não apenas como aparecem”, parafraseando o editorial do Le Monde Diplomatique Brasil – “Os Limites da Barbárie”.

Isso quer dizer que em 2018, no Brasil, há candidatos ultraliberais, que creem ser indispensável “privatizar saúde, educação, serviços públicos, estatais de infraestrutura, recursos naturais, e o que mais for do interesse do mercado. Além de rebaixar os salários, gerando desemprego, precarizando as relações de trabalho, reduzindo as aposentadorias, criminalizando os movimentos sociais e quebrando as pernas dos sindicatos para que não protestem” – via *Le Monde (LM) => se alinham a esse projeto candidatos como Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, João Amoedo e Álvaro Dias.

Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas no primeiro turno, além das características acima citadas, também propõe “liberar a polícia para matar, defende a tortura, o fuzilamento da oposição, defende eliminar cada conquista civilizatória de direitos humanos incluída na Constituição” – *LM.

E qual seria a alternativa oposta à pauta ultraliberal?

 De acordo com o Le Monde, quem está defendendo uma agenda de “ações contra a desigualdade, pela redução da pobreza, pela preservação das riquezas naturais, pela soberania nacional, para que o Brasil possa retomar a trilha do desenvolvimento com justiça social” e “seus programas buscam garantir emprego para todos, melhora do salário mínimo, oferta por parte do Estado de educação, saúde, assistência social, como políticas públicas universais e gratuitas, direitos a serem assegurados a todos os brasileiros e brasileiras”, são nomes como Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos. Já Marina Silva transita entre os dois blocos.

Por fim, talvez a grande discussão dentro desta conjuntura polarizada, como já está desenhada no Brasil, seja: é possível colocar limites à barbárie?

Para o Sindimovec, a evolução e o fortalecimento das instituições que defendem os trabalhadores depende da resistência da sociedade civil organizada: “essa é a essência do bloco democrático popular, que mobiliza na sociedade muitas esperanças, muitas aspirações, e tem o desafio de oferecer aos cidadãos e cidadãs brasileiros uma alternativa de engajamento político e de governo, uma nova democracia participativa que envolva a todos e garanta a governabilidade, sem perder sua identidade com o programa aprovado nas urnas” – *LM.

 

*Trechos retirados do editorial “Os Limites da Barbárie” do jornal Le Monde Diplomatique Brasil.

 

SINDIMOVEC 

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